01/06/2010

de quando me tornei árvore (ou consequências de manoel de barros)

"Na estrada ponho meu corpo a ventos.
Aves me reconhecem pelo andar."
Manoel de Barros

foi na véspera de junho
era tarde, era frio.
Olhei pra rua e não vi.
Não estava cego
e não via chão
só via céu
só via entulhos
de pássaro.
Só via certa margem.
Era a impossibilidade de rio?
Não podia carregar.
Não brotei em folhas.
Era vento em mim.
Pássaro em.
Obscurava no inverno.
Havia me tornado árvore.

Um comentário:

  1. Colher esta maçã
    Não como quem arranca
    Mas como quem estende
    a mão em súplica
    e convida à dança

    Morder esta fruta
    Não para alimentar o corpo
    Mas para saciar a boca
    a sede de pecado
    a fome
    de ti

    ResponderExcluir